LUDENS

2018 – ATUAL

Partindo da concepção de que a “cultura nacional”, longe de ser uma essência a ser preservada, é uma configuração resultante de disputas narrativas e negociações de fronteiras, esta pesquisa pretende analisar como as categorias “religião” e “cultura” têm sido acionadas e redefinidas no contexto brasileiro. Ela explora a hipótese de que a dinâmica de transformações religiosas que o Brasil atravessa desde os anos 1980 com a diminuição de católicos, o crescimento expressivo de evangélicos, o reforço de identidades religiosas no espaço público e o aumento de conflitos religiosos e provocaria ressonâncias naquelas que são consideradas como práticas culturais tradicionais e populares. Um dos casos privilegiados na pesquisa é o do carnaval carioca, mais especificamente, as escolas de samba do Rio de Janeiro.

Cada escola de samba desfila tendo por base um enredo, que geralmente versa sobre uma temática nacional e que se materializa na avenida em formas expressivas de dramatização, canto, dança e cenografia. Muitos desses enredos tratam da religião, seja a partir de dimensões mitológicas e cosmológicas, seja enquanto práticas lúdicas e devocionais. Assim, uma primeira perspectiva é analisar a presença da religião no interior dos desfiles, como enredo, isto é, como uma interpretação do nacional em uma narrativa ritual constituída pelas escolas. Mas, numa outra dimensão de articulação entre “religião” e “cultura” que também se pretende explorar, busca-se analisar eventos críticos, utilizando o conceito de Bruce Kapferer, em que os dois termos sejam invocados pelos diferentes agentes mobilizados pela produção e reprodução do carnaval – sambistas, jornalistas especializados, pesquisadores, carnavalescos, artesãos, foliões, poder público nas esferas municipal, estadual e federal, críticos da festa – para legitimar ou deslegitimar as escolas de samba.

Pretende-se assim, identificar as narrativas sobre a cultura nacional, como também as “teorias nativas” sobre o que é o religioso, e qual deve ser sua relação com a cultura brasileira e o carnaval. Para isso, pretende-se realizar trabalho de campo nos carnavais de 2018, 2019 e 2020, acompanhando os enredos e desfiles e aprofundando a análise em casos nos quais a relação religião-cultura assuma destaques

EQUIPE:  Renata Menezes, Lucas Bártolo, Gabriel Duarte, Marlon Manhães
COM A COLABORAÇÃO DE:  Edilson Pereira, Lucas Freire, Luiz Gustavo Aguiar Alves, Natália Maia.

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