Este projeto, ligado a uma linha de pesquisa mais ampla sobre a santidade e a devoção, desenvolvida em sucessivos trabalhos desde os anos 1990, teve por objetivo a realização de estudos de caso sobre expressões materiais da devoção, focalizando práticas de culto desenvolvidas no Rio de Janeiro , bem como a produção, circulação e utilização de objetos religiosos relacionados a essas práticas. Foram produzidas análises sobre objetos, prédios, imagens sagradas e sobre o próprio corpo dos devotos, enquanto expressões de uma relação devocional que essas materialidades visibilizam, tornam palpável, dão concretude. Santinhos, ex-votos, lembrancinhas, velas, estátuas de cera, imagens em gesso ou ceras, mas também técnicas e marcas corporais da devoção (como os atos de benzer-se, ajoelhar, rezar em voz alta, pagar promessa, flagelar-se, sacrificar-se), ou “espaços objetificados” mais amplos, como igrejas, capelas, altares domésticos, etc. serão tomados como símbolos e como pontos de articulação de relações amplas entre os devotos e seus santos protetores, ou mesmo de relações entre os próprios devotos, que muitas vezes usam esses objetos para marcar sua interação com pessoas de diversos círculos sociais. Do ponto de vista teórico, o projeto pretendeu estabelecer diálogos entre a Antropologia da Religião e a Antropologia dos Objetos, área da teoria antropológica desenvolvida nas últimas décadas, que tem problematizado a dicotomia sujeito/objeto = ativo/passivo como forma de compreensão do mundo. Busca-se também estabelecer uma interface com as reflexões antropológicas sobre Museus, Patrimônio e coleções, numa tentativa de colaborar com as reflexões desenvolvidas no próprio Museu Nacional sobre como manter,atualizar e expor seu acervo de uma prespectiva dialógica com a sociedade brasileira em seus diferentes setores.